Serviço de ambulância é alvo de reclamação
O drama vivido pela família da dona de casa Neli Shirley Marques Rodrigues é comovente. Viúva, ela está impossibilitada de trabalhar para cuidar do filho Higor Rodrigues de Araújo, do irmão Ezequiel Marques Rodrigues e da mãe Leonilda Pedon Marques, que enfrentam graves e delicados problemas de saúde. Há dois anos, os quatro moram em uma casa alugada, no Conjunto Habitacional Ezequiel Barbosa, que deverá ser desocupada em 30 dias a pedido da proprietária.
Com uma renda mensal de aproximadamente R$ 800, decorrente da aposentadoria da mãe e da pensão pela morte do marido, dona Neli passa por dificuldades para custear as despesas da casa e o tratamento dos familiares. A compra dos medicamentos não fornecidos pela rede pública de saúde soma R$ 200 mensais. Sem veículo próprio, a família depende do serviço municipal de ambulância para passar por uma consulta médica ou em situações de urgência e emergência. Mas, nem sempre o serviço está disponível.
"Sempre precisamos implorar por uma ambulância. Eles afirmam que os veículos existentes devem sair somente em casos de emergência, e recomendam que eu use a linha convencional do transporte coletivo. É muito descaso com a gente", indigna-se dona Neli. O jeito é recorrer à ajuda alheia. "Os vizinhos socorrem quando podem, mas também têm seus afazeres. Acabo chamando o vereador Joel Platibanda, porque ele está sempre pronto para nos atender", afirma a dona de casa. "A saúde precisa melhorar. Tenho certeza de que mais gente está sofrendo", conclui.
Na manhã desta quarta-feira (16/09), o vereador Joel Platibanda (PMN) visitou a família na companhia da equipe de reportagem da TV Câmara. Ele se comprometeu a tomar providências para amenizar o sofrimento de dona Neli e de seus familiares. "Vou levar essa situação ao conhecimento do prefeito e do secretário municipal de Saúde. A própria família não tem mais condições de cuidar dos três pacientes, que dependem de ambulância e remédios, obrigações do Poder Público", disse o vereador.
O garoto Higor tem 12 anos e sofre de uma doença progressiva chamada Distrofia Muscular de Duchenne. A doença de caráter hereditário, que afeta os músculos causando fraqueza, já colocou o menino em uma cadeira de rodas. "Ele depende totalmente de mim: para tomar banho, para se alimentar, vestir-se, locomover-se", enumera a mãe.
Para melhorar sua qualidade de vida, Higor depende da hidroterapia, atividade física que está há quatro meses sem realizar devido à dificuldade de transporte. "Cheguei a pagar R$ 100 mensais para uma pessoa levá-lo à UNA (Universidade Aberta da Melhor Idade) e à Aadefa (Associação de Atendimento aos Deficientes Físicos de Araçatuba), mas o dinheiro começou a fazer falta", explica dona Neli.
O irmão da dona de casa também precisa de cuidados especiais. Ezequiel, de 43 anos, tem constantes crises psíquicas em decorrência de uma doença mental denominada esquizofrenia paranoica. "Como vou usar um ônibus coletivo para transportar uma pessoa que pode, a qualquer momento, ter uma crise?", indaga dona Neli. Se não bastassem os problemas de saúde enfrentados pelo filho e pelo irmão da dona de casa, sua mãe, que tem 72 anos, sofreu uma queda e está acamada há um mês. A permanência prolongada em uma cama já resulta em feridas por todo o corpo. "Está muito difícil para mim, pois estou impossibilitada de trabalhar e meus irmãos não pretendem assumir nem minha mãe, muito menos meu irmão", desabafa dona Neli.
Sensibilizados com a situação da família, amigos e vizinhos organizam um almoço beneficente para arrecadação de recursos. O evento acontece no próximo dia 4 de outubro, das 11h às 17h, no espaço cultural São Vicente. Os ingressos custam R$15 e podem ser adquiridos pelo telefone (18) 3441-0613 ou pelo site hppt://virtuata.net/higor. "O orçamento não está dando. Estou sempre precisando da ajuda dos outros", finaliza dona Neli.